quarta-feira, 24 de agosto de 2016

GESTANTE X VIROSE

Como as infecções virais em gestantes prejudicam seus filhos

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A ativação imunológica materna atrapalha o desenvolvimento neural e pode aumentar o risco de autismo.
Ativação do sistema imunológico na gestante atrapalha o desenvolvimento das células neurais do feto e prejudica a transmissão de sinais. Este é o resultado de um estudo publicado no "Journal of Neuroscience".
No estudo, os cientistas compararam o cérebro de crias de camundongos e ratos cujos sistemas imunológicos haviam sido ativados, e de animais sem ativação imunológica prévia. As crias de roedores expostos a infecções virais apresentaram níveis mais altos de MHCI (complexo de histocompatibilidade principal).
"Esta é a primeira evidência de que os níveis de MHCI na superfície de neurônios corticais jovens nos fetos são alterados pela ativação imunológica materna", disse a autora sênior Kimberley McAllister da Universidade da Califórnia (EUA).
Devido ao alto nível de MHCI, a capacidade de formação de sinapses dos neurônios fica prejudicada. Resultados de pesquisas anteriores sugeriram que isso pode desencadear transtornos do espectro autista e esquizofrenia. Contudo, de acordo com McAllister, quando o MHCI foi reduzido a um nível normal, a densidade de sinapses voltou.
Mas o MHCI recebeu apoio na limitação do desenvolvimento de sinapses – a saber, pela enzima calcineurina e pela proteína Mef2 (fator de potencialização de miócitos 2). Essa via de sinalização não era conhecida.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Baixos níveis de hormônios sexuais estão associados com dor musculoesquelética crônica em mulheres idosas                


Os hormônios sexuais produzidos pelas gonadas têm efeitos em diversos tecidos que são sensíveis à sua ação, através da ação de receptores específicos.
Os hormônios sexuais são caracterizados do ponto de vista físico-químico por sua lipofilia que permite por difusão simples a passagem através membrana celular.
Roxana Silva et al. em seu artigo publicado pela Revista de Farmacología de Chile, informa que a localização celular dos seus receptores é primariamente citoplasmática, produzindo diversos efeitos fisiológicos como o crescimento, diferenciação e regulação dos órgãos do sistema reprodutor.
No entanto, os autores mencionam que outros tecidos reprodutivos como fígado, ossos, músculos e cérebro também são sensíveis à ação dos hormônios sexuais.
Na mulher, o estrogênio mais abundante e potente é o 17β‐estradiol (E2) e suas principais ações biológicas são mediadas por receptores específicos do tipo alfa (ERα) e beta (ERβ).
Outro grupo de pesquisadores argumenta que as diferenças nos níveis de hormônios sexuais pode causar dor crônica, o que é mais prevalente em mulheres do que em homens e com o avanço da idade aumenta a diferença entre gêneros.
Marjolein de Kruijf et al. realizaram um estudo publicado em Pain, que analisou a relação entre os hormônios sexuais e a prevalência e incidência de dor crônica.
Examinaram a associação entre os níveis de hormônios sexuais e dor crônica em 9.717 participantes acima de 45 anos, no Estudo Rotterdam, um estudo populacional.
Os pesquisadores definiram dor crônica como dor lombar, dores nas mãos, joelhos e/ou quadris durante pelo menos 3 meses.
Os hormônios sexuais incluíram estrogênio, testosterona, androstenediona e 17-hidroxiprogesterona.
Foram analisadas as relações entre hormônios e dor crônica prevalente e de início recente, mediante regressão linear e logística, estratificada por gênero.
As mulheres com níveis de androstenediona ou estradiol no menor percentil apresentaram mais dor crônica.
Mencionam ainda que os níveis médios de estradiol foram menores entre os homens com dor crônica.
O menor percentil de 17-hidroxiprogesterona em mulheres foi associado a 38% mais de dor de início recente.
Todas essas associações foram independentes da idade, índice de massa corporal, fatores de saúde e estilo de vida, e osteoartrite.
Os níveis mais baixos de hormônios sexuais foram associados com dor musculoesquelética crônica, independentemente do estilo de vida e fatores relacionados com a saúde em mulheres idosas da comunidade.
Assim, os autores concluem que suas descobertas sugerem que os hormônios sexuais desempenham um papel na dor crônica e devem ser considerados quando um paciente apresenta dor crônica.
Por conseguinte, os hormônios sexuais podem ser um alvo potencial de tratamento nestes pacientes.  

Referências:
Marjolein de Kruijf et al, Lower sex hormone levels are associated with more chronic musculoskeletal pain in community-dwelling elderly women. Pain. July 2016 - Volume 157 - Issue 7 - p 1425–1431 doi: 10.1097/j.pain.0000000000000535
Roxana Silva et al, Rol de las hormonas sexuales sobre circuitos dopaminérgicos cerebrales. Revista de Farmacología de Chile (2014) 7(1): 7

DIABETES X AMAMENTAÇÃO 

O centro de Estudos Interdisciplinar alemão do Helmholtz Zentrum München apresentou estudo sobre o metabolismo das mulheres com diabetes gestacional após o parto. Junto com parceiros da Universidade Técnica de Munique (TUM, Technical University of Munich) e o Centro Alemão de Pesquisa de Diabetes (DZD, German Center for Diabetes Research) foram capazes de demonstrar que o aleitamento materno por mais de 3 meses provoca alterações metabólica em longo prazo. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Diabetologia.
Aproximadamente 4% de todas as mulheres grávidas na Alemanha desenvolvem diabetes gestacional antes do nascimento de seu filho. Embora inicialmente os seus níveis de glicose no sangue voltam ao normal após o parto, 1 em cada 2 mães afetadas desenvolve diabetes tipo 2 dentro dos 10 anos seguintes.
Embora tenha sido demonstrado que a amamentação pode reduzir este risco em 40% das mulheres, as razões para isso, todavia seguem sem ser compreendidas.
Em um estudo anterior, os pesquisadores liderados pela professora Anette-Gabriele Ziegler, diretora do Instituto de Pesquisa de Diabetes (IDF, Institute of Diabetes Research) no Helmholtz Zentrum München, demostraram que a amamentação por mais de 3 meses após o parto tem um efeito protetor que dura até 15 anos após a diabetes gestacional.
Em seu estudo mais recente investigou se o metabolismo poderia ser responsável por isto.
Em sua análise, os cientistas examinaram cerca de 200 pacientes que haviam desenvolvido diabetes gestacional.
As participantes do estudo receberam uma solução de glicose padrão e se obteve uma amostra de sangre em jejum antes e depois do teste. Em seguida, os cientistas compararam as amostras com base em 156 metabólitos diferentes conhecidos. Em média, as mulheres tinham dado à luz há 3 anos e meio antes.
"Notamos que os metabólitos nas mulheres que haviam amamentado por mais de três meses diferiram significativamente daqueles que haviam tido períodos mais curtos de amamentação", informa a principal autora Dra. Daniela Much do IDF.
"Os longos períodos de amamentação estão ligados com uma mudança na produção de fosfolípides e com concentrações mais baixas de aminoácidos de cadeia ramificada no plasma sanguíneo das mães".
Isto é interessante porque os metabólitos envolvidos estavam vinculados em estudos anteriores com resistência à insulina e diabetes tipo 2, explicam os autores.
"Os resultados do nosso estudo fornecem novos conhecimentos sobre as vias metabólicas relacionadas com as doenças que são influenciadas pela amamentação e, portanto, poderiam ser a razão do efeito protetor", conclui a Dra. Sandra Hummel, chefe do grupo de trabalho de Diabetes gestacional no IDF, que conduziu o estudo.
A amamentação, explica, é uma intervenção eficaz em termos de custos que visa reduzir o risco em longo prazo de desenvolver diabetes tipo 2 entre as mulheres com diabetes gestacional.
No futuro, os cientistas buscarão as formas de converter esse conhecimento em recomendações de tratamento concretas. "Em média, as mulheres com diabetes gestacional amamentam com menor frequência e por uma menor duração que as mães sem diabetes", disse Hummel. "Agora, o objetivo é desenvolver estratégias para melhorar o comportamento da amamentação das mães com diabetes gestacional".  
Referências:
Daniela Much et al, Lactation is associated with altered metabolomic signatures in women with gestational diabetes.Diabetologia, 2016; DOI: 10.1007/s00125-016-4055-8
Fonte: Science Daily


Zika: estudo sugere que a gestação poderia ser programada para reduzir os risco da Zika

 
Um novo artigo sugeriu que mulheres poderiam evitar a infecção pelo vírus da Zika nos primeiros três meses de gestação programando sua gravidez.
Um novo estudo sugere que mulheres poderiam evitar a infecção pelo vírus da Zika durante o período crítico da gestação programando os primeiros meses de gestação com os declínios sazonais da atividade do mosquito na região.
Escrevendo na revista PLOS Biology, Micaela Martinez, pesquisadora da Universidade de Princeton que estuda a sazonalidade de doenças, sugere que programar a gestação para que as 20 primeiras semanas coincidam com o período de baixa atividade sazonal do mosquito poderia oferecer às mulheres em países afetados pela Zika uma janela durante a qual elas poderiam conceber com segurança.
Alex Perkins, professor adjunto de ciências biológicas da Universidade de Notre Dame, diz que coordenar a concepção segundo as populações do mosquito seria, provavelmente, mais eficaz se somado a outras medidas preventivas contra o vírus da Zika, especialmente o controle dos mosquitos, mas que são necessárias mais pesquisas nesta área.
A publicação do estudo surge como a nova orientação publicada pelos Centres for Disease Control and Prevention (Centros de controle e prevenção de doenças) nos EUA para pessoas que viajaram para as imediações de Miami nas últimas semanas, depois de se descobrir que o vírus estava sendo transmitido lá por mosquitos locais. A recomendação é que todas as mulheres e todos os homens viajando para esta área esperem pelo menos oito semanas antes de tentar uma gravidez. Homens com sintomas da Zika devem esperar pelo menos seis meses antes de tentar engravidar sua parceira.