sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Câncer de ovário: 70% dos casos que chegam ao Icesp são detectados em estágio avançado


  • DOC Content
  • 48 Visualizações
    Sem avaliação
Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) mostra que sete em cada dez mulheres que chegam ao hospital com câncer de ovário já chegam com a doença em estágio avançado.
Segundo a Secretaria de Saúde, cerca de 20% têm entre 45 e 54 anos e 70% estão acima dos 55 anos
Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) mostra que sete em cada dez mulheres que chegam ao hospital com câncer de ovário já chegam com a doença em estágio avançado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, do total de mulheres com a doença, cerca de 20% têm entre 45 e 54 anos e 70% estão acima dos 55 anos, período em que é mais frequente o desenvolvimento do câncer.
Estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer) apontaram aproximadamente 6 mil novos casos da doença para o último ano. Apesar da incidência relativamente baixa, o câncer de ovário é um tipo de tumor ginecológico com alto índice de mortalidade.
O tumor é considerado “silencioso”, e os poucos sintomas apresentados costumam ser ignorados pela maioria das mulheres, uma vez que são confundidos com desconfortos comuns como inchaço (aumento) do volume abdominal, menstruação irregular e indigestão. Também podem ocorrer dores abdominais e na região pélvica, perda do apetite e náuseas. O exame de sangue detecta até 86% dos casos de câncer de ovário. Jesus Paula Carvalho, coordenador da equipe de ginecologia do Icesp, diz que a visita anual ao ginecologista pode ajudar a antecipar o diagnóstico, aumentando as chances de sucesso do tratamento.
Entre os fatores de risco do câncer de ovário estão o histórico familiar e a obesidade. Mulheres que fazem terapia de reposição hormonal e tratamento para a fertilidade também estão mais propensas a desenvolver a doença.

Número de crianças prematuras chega a 40 por hora no Brasil


  • DOC Content
  • 3 Visualizações
    Sem avaliação
Estudo feito pelo Ministério da Saúde a partir do Sistema de Informações de Nascidos Vivos sobre partos prematuros
Em 2012, 40 partos a cada hora foram prematuros
Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde a partir do Sistema de Informações de Nascidos Vivos indica que no ano de 2012, 340 mil bebês nasceram antes dos nove meses e ao todo são feitos 931 partos prematuros, o que representa 40 a cada hora (índice de 12,4%, o dobro do registrado em alguns países europeus). No mundo, são cerca de 15 milhões de crianças.
Para Renato Passini, médico que integra a Coordenadoria de Ensino e Avaliação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (CEA/Febrasgo), o parto prematuro pode trazer muitos problemas futuramente para a criança, impactando diretamente na sua saúde. “Pode ter comprometimento físico e emocional, com baixo desenvolvimento neurológico e mental. Isso inclui problemas com a visão e a audição, na parte digestiva e na respiratória. Vale frisar que grande parte das crianças com problemas mentais nasceram prematuras”.
O especialista afirma ainda o nascimento antes dos nove meses está associado ao esforço físico e infecções de urina, inclusive vaginais. Segundo ele, em muitos casos não apresentam sintomas, tornando mais difícil o tratamento. Ainda assim, Renato Passini diz ser possível evitar o parto prematuro e assegurar que a criança viva com mais saúde. Para isso é preciso muita atenção, já que os sinais não apresentam muita evidência.

O parto cesário salva mais bebês em apresentação pélvica


  • APA
  • 76 Visualizações
    Sem avaliação
Estudo holandês demonstrou uma maior taxa de sobrevida quando o parto de bebês em apresentação pélvica era realizado por cesariana.
A mãe cujo bebê está em apresentação pélvica deve optar pelo parto cesário. Isto é sugerido por um estudo holandês (Universidade de Amsterdã) que foi publicado no "Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica". O estudo demonstrou que a mortalidade fetal é dez vezes maior no parto vaginal comparado ao parto cesário.
O maior estudo randomizado sobre este assunto, o qual foi realizado em 2000, já mostrou uma redução significativa na mortalidade perinatal nos partos cesários. Os resultados tiveram um impacto considerável na prática médica. Na Austrália, a frequência de partos cesários para bebês em apresentação pélvica aumentou em 94 por cento (2008) e, na Holanda, passou de 50 para 78 por cento. Nos EUA, a frequência global de cesarianas aumentou em 60 por cento entre 1996 e 2009.
Neste estudo retrospectivo, os pesquisadores holandeses incluíram dados de 58.320 mulheres (1999 a 2007) que tiveram partos pélvicos a termo nos hospitais da Holanda. O estudo analisou partos de gestações entre 37 e 42 semanas, mas excluiu natimortos ou bebês com defeitos congênitos.
Durante o período do estudo, ele mostrou que a incidência de cesarianas aumentou de 24 para 60 por cento, resultando em uma redução da mortalidade infantil de 1,3 em 1.000 para 0,7 em 1.000 nascidos vivos. Já no grupo com partos vaginais programados, a mortalidade permaneceu inalterada. O estudo também mostrou que 338 cesarianas são necessárias para evitar uma morte perinatal.
"Apesar do parto cesário eletivo ter melhorado os desfechos neonatais, um número considerável de mulheres ainda prefere o parto vaginal. Recomendamos o uso de manobras para virar o bebê (versão cefálica externa) para evitar a apresentação pélvica ao nascimento e aconselhamento para mulheres que querem prosseguir com o parto vaginal", disse o autor do estudo Floortje Vlemmix.

Inovação contra o câncer de colo de útero

Inovação contra o câncer de colo de úteroO câncer de colo do útero - também chamado de cervical - é causado pela infecção persistente de alguns tipos de papilomavírus humano (HPV). Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2014, o número de novos casos chegou a aproximadamente 16 mil e o número de mortes passou os 5 mil. A infecção genital causada por esse vírus é muito frequente e, na maioria das vezes, não gera doença. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou) e são curáveis na quase totalidade dos casos, desde que descobertas precocemente, por isso é importante a realização periódica desse exame. Esse tumor é o terceiro mais frequente na população feminina - atrás do câncer de mama e do colorretal - e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país avançou em sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que, na década de 1990, 70% dos casos identificados eram da doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo do câncer. "Esse é um tipo de câncer que demora muitos anos para se desenvolver. Por essa razão, existe um espaço temporal suficiente para ser identificado em suas formas precurssoras. As alterações das células que dão origem ao câncer do colo do útero são facilmente descobertas no exame preventivo", explicou Antônio Luiz Almada Horta, médico especialista em citopatologia do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica. Recentemente, foi introduzido um importante avanço tecnológico na detecção da doença, a citologia em meio líquido. "A citologia em meio líquido melhora a sensibilidade do método tradicional, constituindo uma excelente ferramenta diagnóstica na identificação precoce das lesões celulares que podem levar ao câncer do colo do útero, pois permite automatizar e padronizar a preparação e a coloração das lâminas citológicas e melhorar a qualidade e o desempenho do método tradicional de Papanicolaou", esclarece Almada. Uma das principais vantagens do novo exame é que, para sua realização, é necessário apenas um dispositivo para coleta, o que torna o procedimento mais rápido e menos desconfortável para a paciente, diminuindo o risco de falsos-negativos, que hoje giram em torno de 30%, a maioria por conta de erros na coleta. "A citologia em meio líquido permite que 100% da amostra coletada seja enviada ao laboratório, ao passo que, na citologia convencional, somente 37% do material celular é lançado no esfregaço, o restante é desprezado junto com o instrumento de coleta, podendo-se perder elementos celulares importantes para o diagnóstico. O exame permite também a remoção de interferentes, o que reduz a quase zero a ocorrência de amostras insatisfatórias, evita a solicitação de nova coleta, reduz o tempo de leitura das lâminas e possibilita, com a mesma coleta, realizar testes de biologia molecular para papilomavírus humano (HPV), Chlamydia trachomatis e outros exames", disse o especialista. Como o material em meio líquido pode ser conservado por até um mês em temperatura ambiente e até seis meses refrigerado (2ºC a 8ºC), esse teste complementar pode ser realizado sem incomodar a paciente e o médico com a marcação de nova consulta para coleta de material. Outra vantagem é que, no método convencional, é preciso utilizar dois dispositivos de coleta para a obtenção do material. Após a coleta, faz-se o esfregaço e, em seguida, fixa-se o material na lâmina para então fazer a coloração, ou seja, são três etapas manuais. Já com a citologia em meio líquido, apenas um dispositivo de coleta é usado, que recolhe as células endocervicais e ectocervicais. Logo depois, destaca-se a ponta da escova no frasco com o meio líquido e a coleta está concluída. "Nesse novo procedimento, além da redução para apenas um dispositivo de coleta para células endocervicais e ectocervicais, a preparação e a coloração das lâminas são totalmente automatizadas, o que padroniza e melhora sua qualidade", finalizou o médico.
Fonte: segs.com.br

Mulheres que tiraram apêndice ou amídalas são mais férteis, indica pesquisa

Mulheres que tiraram apêndice ou amídalas são mais férteis, indica pesquisa
Pesquisadores ainda não descobriram relação entre retirada de apêndice e amídalas e aumento de fertilidade
Um estudo britânico indica que mulheres que retiraram o apêndice ou as amídalas são mais férteis.
Os pesquisadores da Universidade de Dundee e do University College de Londres analisaram registros médicos de centenas de milhares de mulheres britânicas em um estudo que durou 15 anos.
As taxas de gravidez foram significantemente mais altas entre aquelas que retiraram o apêndice (54,4%), as amígalas (53,4%) ou as que fizeram os dois procedimentos (59,7%) do que no resto da população (43,7%).
No entanto, eles ainda não descobriram a relação entre os procedimentos e a fertilidade. Mesmo assim, os especialistas disseram que a descoberta pode levar à criação de novos tratamentos.
Eles alertam, porém, que as mulheres não podem tirar as amídalas e o apêndice sem precisar destes procedimentos apenas com o objetivo de aumentar as chances de engravidar.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Fertility and Sterility.
Números
Os cientistas consultaram o maior banco de dados digital para registros médicos do mundo, o UK Clinical Practice Research Databank.
A análise incluiu dados de 54.675 pacientes que retiraram o apêndice, 112.607 pacientes que retiraram as amídalas e 10.340 que passaram pelas duas cirurgias.
Esses dados foram comparados com os registros de 355.244 mulheres do resto da população.
Analisando os dados, os pesquisadores descobriram que, para cada cem gestações em mulheres que não tinham passado por essas cirurgias, existiam:
134 gestações em mulheres que tiveram os apêndices removidos;
149 em mulheres que fizeram cirurgia para tirar as amídalas;
143 em mulheres que fizeram os dois procedimentos.
Um dos pesquisadores, Sami Shimi, explicou que a maioria dos médicos do Reino Unido aprende, de forma errada, que a retirada do apêndice pode prejudicar a fertilidade de uma mulher.
"Esse estudo é muito importante para garantir às jovens que a apendicectomia não vai reduzir as chances de uma gravidez no futuro", afirmou Shimi à BBC.
"Mais importante, analisando o apêndice e amídalas juntos, esse estudo confirma além de qualquer dúvida que a retirada de órgãos inflamados ou órgãos que podem sofrer com várias inflamações melhora as chances de gravidez."
O problema agora para os pesquisadores é encontrar uma explicação para os números.
Uma possibilidade biológica levantada é que amídalas ou apêndices que sofrem infecções regulares aumentam os níveis de inflamação no corpo, o que afeta os ovários e o útero.
Estudo analisou registros de centenas de milhares de mulheres britânicas
"A pesquisa desafia cientificamente o mito do efeito da apendicectomia na fertilidade. O que temos de estabelecer agora é exatamente como isso acontece", disse Shimi.
'Interessante'
Para Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, o estudo é interessante.
"Há várias explicações que podem ser aplicadas a essas observações. Uma delas é que a remoção desses tecidos causa uma alteração no sistema imunológico que tem impacto em algum aspecto do processo reprodutivo.", disse.
"Se for verdade, isso pode dar aos médicos e cientistas ideias para novos medicamentos ou terapias para aumentar a fertilidade das mulheres."
Pacey acrescenta, no entanto, que é preciso ter cautela com esse tipo de pesquisa.
"Sugerir que mulheres inférteis tenham as amídalas ou apêndice retirados como uma forma de melhorar suas chances de ter filhos é ir longe demais por enquanto", lembrou.
Eles reconhecem, porém, que são necessárias mais pesquisas.
Fonte: BBC News

Sulfato de magnésio, corioamnionite e desenvolvimento neural depois do parto prematuro

Sulfato de magnésio, corioamnionite e desenvolvimento neural depois do parto prematuro
Uma pesquisa publicada no BJOG, teve por objetivo avaliar o efeito neuroprotetor do sulfato de magnésio (MgSO4) em prematuros expostos à corioamnionite. Seus autores, Kamyar et al., realizaram uma análise secundária de um estudo controlado randomizado e multicêntrico de MgSO4 pré-natal administrado a mulheres com risco de parto prematuro para a prevenção da paralisia cerebral (PC).
Este foi um estudo controlado randomizado e multicêntrico. Foram selecionadas gestações únicas sem anomalias, com corioamnionite clínica e parto a ≥24 semanas de gestação. Os casos foram expostos a MgSO4 pré-parto; os controles receberam placebo.
A equipe indica que todos os dados foram analisados ??na população por intenção de tratar. Foram feitas análises de uma e múltiplas variáveis. O parâmetro principal de avaliação foi um composto de nascido morto, morte na idade de 1 ano ou PC  moderada ou grave na idade de 2 anos.
Os parâmetros secundários incluíram um composto de resultados neonatais bem como também retardo no desenvolvimento neurológico, definido como índice de desenvolvimento mental e psicomotor de Bayley II <70 aos 2 anos de idade.
Mediante análises de subgrupos foram avaliados estes parâmetros em crianças nascidas com <28 semanas de gestação. Um total de 396 crianças foi incluído e 192 (48,5%) foram randomizados a MgSO4. As características maternas e do parto foram similares entre os grupos.
Os pesquisadores mencionam que se apresentou o principal parâmetro em 14,1% das crianças expostas a MgSO4 e em 12,7% das crianças expostas ao placebo (risco relativo (RR1,29; IC 95% 0,70 - 2,38).  As taxas de nascidos mortos, PC moderada a grave e atraso no desenvolvimento neurológico não foram diferentes entre os grupos. Nas análises de subgrupos de recém-nascidos a <28 semanas de gestação, não foram observadas diferenças nas taxas do parâmetro principal nem os parâmetros secundários que foram avaliados.
Após a publicação on-line do estudo, foi adicionada uma correção, já que através do artigo ocorreram erros nas análises de dados estatísticos que foram corrigidos. Entre as crianças em risco de parto prematuro precoces exposto a corioamnionite, a administração pré-natal de MgSO4, não se associou com um melhor resultado do desenvolvimento neurológico.
Finalmente, os autores não recomendam modificação nas diretrizes sobre administração de MgSO4 para proteção neurológica com base neste estudo. O MgSO4 não foi associada com melhores parâmetros de desenvolvimento neurológico no contexto da corioamnionite.  
Fonte: Medcenter

Penumbra torna o parto mais tranquilo, demonstra pesquisa

Penumbra torna o parto mais tranquilo, demonstra pesquisa
A dor do parto é tida como uma das mais difíceis de enfrentar, apesar de passageira. As mulheres de modo geral ficam muito apreensivas com esse momento e, no fundo, sonham com um lenitivo na hora do parto. Estudos têm sido feitos nessa direção. Uma pesquisa de mestrado recentemente apresentada à Faculdade de Enfermagem (FEnf) apurou que a baixa iluminação na sala do procedimento pode favorecer a fisiologia do parto normal e abreviar esse sofrimento. A conclusão é da enfermeira obstetra Michelle Gonçalves da Silva.
Segundo a pesquisadora, alguns estudos reportam que a iluminação ativa o neocórtex, que é o lado do raciocínio, da inteligência. “Na hora do parto, é preciso que ocorra justamente o contrário: desativar o neocórtex e ativar o córtex primal, ou seja, aquele do lado animal, para que a gestante consiga expulsar o bebê.”
As mulheres chegam com muito medo ao hospital e isso inibe a ativação do córtex primal. Acabam liberando adrenalina, ao invés de liberar a ocitocina (hormônio natural do parto), ficando em estado de vigilância, prontas para reagirem.
“Constatamos que, quando as luzes são apagadas, é possível resgatar o córtex primal, ativá-lo e liberar mais ocitocina, permitindo que o parto flua mais naturalmente”, disse.
Michele acredita que seu estudo poderá contribuir muito para a expansão do conhecimento na área de Obstetrícia, pois infelizmente o Brasil ainda se sobressai como recordista mundial em cesarianas e existem inúmeros relatos de violência obstétrica hoje.
Que influência teria a iluminação da sala de parto nas reações emocionais das parturientes? A enfermeira avaliou isso a partir de sua vivência pessoal. Ela faz partos diariamente e, além disso, está grávida pela primeira vez – de gêmeos. Percebeu que a mulher que tinha filho em um ambiente com menos iluminação, de penumbra, conseguia ter um parto mais tranquilo.
Michelle estudou um sistema que codifica expressões pelos movimentos dos músculos da face, batizado como Facial Action Coding System (Facs). Esse sistema foi desenvolvido pelos pesquisadores norte-americanos Paul Ekman e Wallace Friesen, os inventores do detector de mentiras moderno. Paul e Wallace idealizaram essa ferramenta para ser aplicada em diversas áreas do conhecimento. Michelle viu nisso terreno propício para avaliar quais emoções as gestantes estariam sentindo quando o bebê nascia.
Para isso, a enfermeira teve que se submeter a uma prova elaborada pelos autores da Facs para saber se estaria apta a utilizar esse sistema que atuaria como coadjuvante do parto. Estava. É a primeira brasileira certificada a fazer uso dessas codificações faciais.
Emoções
Michelle filmou 95 gestantes durante e após o parto, divididas em dois grupos: as que foram filmadas num ambiente com luzes acesas e as que foram filmadas num ambiente com luzes apagadas, ficando aceso apenas o foco cirúrgico voltado para o períneo da mulher. Os partos aconteceram no Hospital “Alípio Ferreira Neto”, periferia de São Paulo. Esse hospital possui um modelo tradicional em que as mulheres são acompanhadas no pré-parto e, na hora de darem à luz, são levadas para a sala de parto.
As filmadoras escolhidas capturavam com acurácia as imagens em ambiente de penumbra, que passavam pelo sistema de codificação facial para estabelecer as emoções (medo, raiva, nojo, alegria, tristeza e surpresa) das mulheres no momento do expulsivo.
Somente se codificam as reações, e esses códigos podem ser empregados em várias situações, até mesmo num jogo de arremessos, por exemplo. Filma-se a fisionomia do jogador e é possível fazer sua codificação facial, estabelecendo as emoções que sentiu. No caso das parturientes, essa ferramenta nunca havia sido usada para esse propósito.
“Manualmente, congelamos a imagem, a cada segundo, quatro vezes. A seguir, avaliamos o movimento dos músculos da face, chegando a uma predefinição. Se a emoção sentida foi raiva, a imagem vai para o software dos autores-inventores e ajuda a colocar a codificação final por meio de uma imagem semelhante. Se corresponderem, a codificação é raiva mesmo”, explicou.
Algumas mulheres passaram por cinco a sete minutos de filmagem, outras por 15 a 40 minutos. Contudo, independentemente do tempo que permaneceram na sala de parto, as mulheres fizeram a mesma sequência de emoções: medo, surpresa, raiva, alegria. “A diferença esteve mesmo na iluminação. Quando o ambiente era todo iluminado, elas demoravam mais em seu tempo de emoção, porque às vezes apareciam também nojo e tristeza misturados. É como custasse para engatar a surpresa e a raiva”, averiguou.
Em seu projeto, Michelle verificou principalmente duas emoções que estavam presentes no ato da mulher conceber: a “surpresa”, que atua como um gatilho para a “raiva”, que é a emoção mais comum no parto. Mas como raiva? A autora esclareceu que essa é a emoção mais primitiva que o ser humano tem e que parir é o ato mais primitivo de que se tem notícia.
De acordo com a enfermeira, a mulher entra numa sala de parto com medo. Depois oscila entre nojo e tristeza. “Quando sente surpresa, é como se resgatasse o lado animal e sentisse raiva. É nessa hora que ela consegue expulsar o bebê. Por isso esse sentimento é muito importante para o nascimento”, salientou.
O ambiente com baixa luminosidade proporciona uma sequência de emoções sem quase interferências, mencionou. A gestante consegue ter todas essas emoções mais rapidamente. Quando existe iluminação, talvez ela se sinta observada, não conseguindo resgatar seu lado primitivo tão facilmente quanto o ambiente de penumbra.
“Para nossa grande felicidade, em ambos os grupos foi interessante perceber que, após o nascimento, 100% das mulheres exprimiram alegria, por mais dificultoso e sofrido que tenha sido o parto”, constatou.
Humanização
Em estudos recentes, relata-se sucintamente e de forma qualitativa que a penumbra favorece a humanização do parto. Há estudos também que descrevem qualitativamente, por verbalizações das mulheres, as emoções que sentiram no parto. Mas nunca houve um estudo que codificasse essas emoções. “O ambiente com baixa luminosidade traz uma fisiologia melhor ao parto. Não precisa intervir tanto e não ocorre interferência de outras emoções. A mãe consegue desencadear surpresa, raiva e alegria muito mais naturalmente”, notou a autora.
O estudo de Michelle foi feito apenas com mulheres que tiveram parto normal, mesmo porque, na cesariana, há uma intervenção muito extensa (sete camadas de pele são cortadas) e não há como apagar as luzes durante esse procedimento.
O sistema que Michele usou pode ser adotado em psiquiatria, criminalística, com pacientes em coma, com bebês e em qualquer situação na qual se queira medir uma emoção, desde que se consiga filmar a fisionomia.
A enfermeira salientou que esse sistema é o mesmo do detector de mentiras, mas que o detector é um avanço da pesquisa desses autores norte-americanos com a Facs. A novidade é que Michelle incorporou a etapa de codificação das emoções.
“Os autores da Facs se mostraram interessados neste estudo, uma vez que o sistema deles nunca havia sido aplicado à saúde da mulher e nem à Obstetrícia”, revelou a autora. “Hoje a Facs está tão difundida em vários tipos de pesquisa e de diversas áreas que já foi montado um grupo nos Estados Unidos que somente elucida emoções e codificação da ação dos músculos que geram as emoções.”
Fonte: EBC