sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CONTRACEPÇAO - METODOS DE BARREIRA

INTRODUÇÃO:

Métodos de barreira são técnicas de regulação da fertilidade, os quais, como o próprio nome indica, implicam obstrução à ascensão espermática, impedindo o espermatozóide de alcançar o óvulo, podendo ser este obstáculo mecânico ou químico.
Os métodos de barreira podem ser classificados em femininos e masculinos.
Uma das mais antigas e simples técnicas de anticoncepção é a dos contraceptivos vaginais. Papiros egípcios, que remontam a 1850 antes de Cristo, incluem instruções a respeito de contraceptivos vaginais preparados com mel e natrão (carbonato de sódio natural) e de diferentes tipos de substâncias irrigadoras, tamponadoras e viscosas para inserção na vagina antes do coito. Também contêm as primeiras receitas escritas de uma mistura com esterco de crocodilo ou elefante.
Desde a antiguidade registra-se o uso de esponjas, substâncias ácidas e revestimento para o pênis. No século 18, com o advento da vulcanização da borracha, condons, pessários, diafragmas e capuzes cervicais passaram a ser confeccionados com esse material, ampliando-se sua produção e utilização, sendo amplamente divulgados a partir do século 19.
Por muitas décadas os métodos de barreira foram os únicos meios contraceptivos disponíveis, até a introdução de novos métodos, tais como o dispositivo intra-uterino (DIU) e os contraceptivos orais.
Atualmente, com a crescente incidência das doenças sexualmente transmissíveis (DST), em particular a AIDS, houve uma revalorização do uso dos métodos de barreira. Em estudo comparativo de infertilidade tubária e metodologia contraceptiva, encontrou-se que os métodos de barreira (principalmente combinação de barreira mecânica e química, tais como diafragma ou condom mais espermicida) apresentam risco relativo de 0,6% quando comparados com outros métodos, mostrando ótima proteção contra o dano tubário.
Os métodos de barreira são pouco difundidos em nosso meio, devido à influência de fatores socioculturais. O sucesso de seu emprego depende da motivação, da aceitação e da confiança para usá-lo. Deve-se salientar que é muito importante que o profissional tenha conhecimento do seu manuseio e esteja motivado para incentivar o seu uso.
As vantagens dessa metodologia contraceptiva são as seguintes:
 1.    Podem ser facilmente adquiridos.
 2.    Não possuem efeitos sistémicos.
 3.    Causam grande proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis e doença inflamatória pélvica.
 4.    Apresentam raras contra-indicações, não causando efeito sistémico e possuem poucos efeitos prejudiciais locais.
 5.    O retorno à fertilidade é imediato.

Há várias indicações para o seu uso, tais como:
 1.    No puerpério e lactação, pois não interferem na quantidade e qualidade do leite.
 2.    Após a vasectomia, os preservativos são muito usados até a ocorrência da azoospermia.
 3.    Associados aos anticoncepcionais hormonais combinados orais, quando há ingestão de drogas que interagem com os mesmos.
 4.    Em mulheres que tiveram um abortamento espontâneo recente ou que aguardam uma esterilização cirúrgica.
 5.    Em doenças ginecológicas, tais como menorragia ou sangramento anormal, os métodos de barreira podem ser excelente alternativa contraceptiva, até o diagnóstico correto e início da terapêutica.

Apresentam as seguintes desvantagens:
 1.    Maiores índices de gestação, quando comparados ao anticoncepcional oral e ao DIU.
 2.    A necessidade de inserção antes do início da atividade sexual.
 3.    Requerem grande motivação do casal, pois faz-se mister o uso constante e mais cuidados.

PRESERVATIVO:

O único contraceptivo de barreira masculino é feito de látex ou de membrana animal; envolve o pênis ereto e coleta o sémen.
Tem como sinonímia: condom ou camisa-de-vênus.
Estima-se que 40 milhões de casais no mundo usam o condom, embora seja descrito haver maior aceitação no Japão e nos Estados Unidos. No Japão, 75% da contracepção dos casais é com o uso de condom.
A origem da palavra condom é incerta. Acreditam alguns que esteja relacionada ao Dr. Condom, médico que proporcionou ao rei Carlos 2, da Inglaterra, o meio de impedir a procriação de maior número de filhos ilegítimos. Outros citam a palavra latina condus, cujo significado é receptáculo e a palavra persa kendu ou kondu, relativa às vasilhas de forma alongada, feitas de intestinos de animais, para armazenar cereais.
É um dos métodos contraceptivos mais antigos e mais utilizados. É descrito desde o antigo Egito, há 3 mil anos. Na mesma época, registra-se o uso da pele de carneiro para envolver o pênis, como forma de evitar a fecundação. A primeira publicacão sobre condom é do anatomista italiano Gabrielle Fallopio, que em 1564 criou um revestimento de linho para o pênis para proteção contra doença venérea. No século 18 foram utilizados os primeiros preservativos feitos de intestino de animais. Com o desenvolvimento do látex na década de 30 de nosso século, produziram-se condons mais finos e resistentes.
Atualmente, há os preservativos de membrana animal e os de látex. Os primeiros são confeccionados de cecum de carneiro; têm indicação para homens com alergia ao látex, porém a desvantagem de serem caros, difíceis de serem testados, sendo pouco utilizados e produzidos apenas nos EUA.
Os de látex constituem a quase-totalidade das camisas-de-vênus e apresentam-se em grande variedade de tamanho, espessura, forma, textura e cor, tais como: secos ou lubrificados, planos ou com reservatório na extremidade, retos ou moldados, lisos ou texturados e coloridos ou naturais.
A maioria dos fabricantes os produzem em dois tamanhos, apresentando durabilidade de três a cinco anos, desde que adequadamente armazenados. Recentemente surgiram os condons com espermicida (nonoxinol-9), que também agem como lubrificante.
O condom previne a passagem do sémen para o interior da vagina. Devem-se observar algumas normas para a máxima proteção:
 1.    Tê-lo sempre disponível.
 2.    Regularidade no uso.
 3.    Ser de boa qualidade.
 4.    Abrir cuidadosamente a embalagem, para evitar danos ao preservativo.
 5.    Tomar cuidado com unhas longas e pontiagudas.
 6.    Não esticá-lo ou inflá-lo.
 7.    Colocá-lo antes da penetração vaginal.
 8.    No preservativo de depósito, comprimir o reservatório ou saculação e no condom reto deixar espaço entre a extremidade do pênis e a do condom e comprimir a extremidade do mesmo.
 9.             Desenrolá-lo sempre com o pênis ereto.
 10.    Se necessário, usar lubrificante solúvel em água e livre de gordura (geléia K-Y) ou de preferência espermicida e evitar vaselina ou lubrificantes à base de óleo.
 11.    Retirada do pênis após a ejaculação, pressionando as bordas do condom contra o mesmo.
 12.    Observar se houve ruptura do preservativo; em caso positivo, introduzir um espermicida imediatamente na vagina ou realizar o método de intercepção.
 13.    Utilizar apenas uma vez (descartável); no caso do condom de membrana animal, o mesmo pode ser reutilizável.

As principais vantagens são:
 1.    Prático para ser transportado.
 2.    Simples de usar.
 3.    Seguro e eficaz, quando usado corretamente.
 4.    Seu custo é acessível.
 5.    Envolve e cria maior responsabilidade ao parceiro masculino.
 6.    Não necessita prescrição e exame médico periódico.
 7.    Oferece a melhor proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.
 8.    Proteção das doenças inflamatórias pélvicas.
 9.    As mulheres cujos parceiros utilizam preservativos têm menor frequência de metaplasia escamosa, displasia cervical e câncer cervical.
 10.    Não envolve risco à saúde, nem complicação médica ou efeitos colaterais, a não ser reação alérgica ao látex.
 11.    Elimina a descarga vaginal do sémen após o coito.
 12.    Pode manter o coito prolongado, pois diminui a sensibilidade do pênis.
 13.    Auxilia a prevenção da ejaculação precoce.

Tem as seguintes desvantagens:
 1.    Requer alto grau de motivação e responsabilidade do parceiro masculino.
 2.    Reduz a sensibilidade durante o coito.
 3.    Impõe a interrupção do ato sexual para colocá-lo ou retirá-lo.
 4.    Pode ocorrer ruptura, responsabilizando-se o uso incorreto ou a má qualidade do material.
 5.    Pode causar reação alérgica ao látex.

Principais indicações:
 1.    Quando o casal tem preferência por método masculino, assumindo o homem a responsabilidade anticonceptiva.
 2.    Quando a mulher não deseja ou não pode usar outros métodos.
 3.    Para adolescentes nos primeiros contatos sexuais ocasionais.
 4.    Quando há redução da frequência coital, em casais maduros.
 5.    Durante a lactação.
 6.    Em associação com qualquer método contraceptivo, com o intuito de melhorar a eficácia.
 7.    As mesmas indicações dos métodos de barreira já relatados.

As contra-indicações são as seguintes:
 1.    Hipersensibilidade ao látex.
 2.    Dificuldade de manutenção da ereção.

A eficácia depende da idade, condição socioeconômica, nível de instrução, se a família já está ou não construída, experiência com o método e motivação do casal. Por esse motivo os índices de falha são muito variáveis, com o intervalo de 0,4 a 31,9 por 100 mulheres/ano; portanto, seu sucesso depende em muito da motivação e dos cuidados no emprego do condom.
Os principais fatores que afetam a eficácia são a inconstância e o uso incorreto. A utilização do espermicida em adição ao condom pode aumentar a segurança contraceptiva.
Atualmente, realizam-se campanhas maciças em prol dos condons na prevenção da AIDS, surgindo novos tipos de condons, menos espessos e lubrificados com espermicida, o que aumenta a eficácia e melhora a sensibilidade.

DIAFRAGMA:

Consiste em um pequeno dispositivo circular de borracha com borda firme e flexível, que ao ser colocado na vagina forma uma barreira física sobre o colo do útero e serve como um carregador de espermicida. O anel rígido permite a fixação do diafragma no canal vaginal, enquanto que a cúpula recobre o colo uterino impedindo a passagem dos espermatozóides. Quando adequadamente colocado, ajusta-se entre a parede posterior da vagina e a região retropúbica.
É adequado à associação de agentes espermicidas, pois o diafragma pode deslocar-se durante o ato sexual.
Em séculos passados as mulheres introduziram resinas, folhas, esponjas e outros objetos na vagina para bloquear a ascensão do espermatozóide. Atribui-se ao médico alemão C. Hasse (usando pseudónimo de Wilhelm Mensinga) a invenção do diafragma. Antes do fim do século 19, o "diafragma de Mensinga" era utilizado não apenas na Alemanha, mas também na Holanda. Na Inglaterra surgiu em 1885, tornando-se conhecido como o "capuz holandês" e a introdução do diafragma nesse país contribuiu para modificar o conceito do papel da mulher no sexo, ao lhe transferir a responsabilidade de assegurar a contracepção.
Em 1920, Margaret Sanger introduziu o diafragma nos EUA. No Brasil, os mesmos foram produzidos entre 1940 e 1950 por uma indústria de São Paulo, porém com a grande demanda dos anticoncepcionais orais a partir dos anos 60 houve interrupção na fabricação dos mesmos até 1988, quando foi reiniciada sua fabricação.

Tipos:

Há diafragmas de diferentes tamanhos e estruturas, sendo que os primeiros variam de 50 a 105 mm de diâmetro. A maioria das mulheres requer diafragmas com 70 a 80mm de diâmetro. As diferenças de estrutura, dizem respeito principalmente à borda e à forma. Variações no contorno ou no tamanho da vagina, na posição do útero ou dos órgãos adjacentes determinam o tipo de diafragma oferecido à mulher.

Os quatro diafragmas mais conhecidos são:

 1.    Diafragma de mola plana ou de Mensinga (flat spring). É o diafragma original, seu aro é composto por uma tira plana de metal, que é mais firme do que a mola em espiral. É indicado para mulher com arco raso atrás da sínfise púbica, porém a mulher com músculos fortes vaginais, ou esse órgão genital de contorno e tamanho normal também poderá utilizá-lo. É útil para nuligrávida e para mulher com anteflexão do útero ou colo uterino longo com projeção posterior.

 2.    Diafragma de mola espiral (coil spring). Seu aro é composto por um anel de fio metálico em espiral. É indicado para mulher com músculo vaginal forte, com aro pronunciado atrás da sínfise púbica, com útero bem posicionado e vagina de tamanho e contorno normal.

 3.    Diafragma com mola que se dobra em arco (arcing spring ou de Findlay). Seu aro é composto por uma mola dupla de metal na borda, que exerce forte pressão contra a parede vaginal, mantendo o mesmo em posição adequada. Combina as características dos dois anteriores. A compressão de sua borda forma um arco, facilitando sua orientação na parte posterior da vagina. É indicado para mulheres com musculatura vaginal deficiente, com cistocele moderada, com prolapso uterino discreto ou com certo grau de anteflexão ou retroversão uterina.

 4.    Diafragma em curva de arco ou de Matrisalus. Contém na borda uma fita de aço plano resistente que por ser curva e não redonda serve para alçar ainda mais a parede anterior da vagina. Indica-se quando há relaxamento das paredes anterior e posterior da vagina e em mulheres com cistocele. Sua inserção é mais difícil do que os anteriores, pois sua forma é irregular.


Deve-se relatar de forma sintética que os diafragmas de mola espiral e o de mola plana são indicados para mulheres com tônus vaginal normal, enquanto que o arcing spring e o de Matrisalus são indicados para aquelas com tônus vaginal diminuído, pequeno cisto ou retocele.

Inserção:

A eficácia do diafragma depende de sua colocação apropriada. Para a determinação do tamanho correto, realiza-se o exame pélvico, durante o qual se mede o comprimento diagonal do canal vaginal, da face posterior da sínfise púbica ao fórnice posterior da vagina. Realiza-se o processo em três etapas:

 1.    Inserem-se os dedos indicador e médio em profundidade na vagina até que a ponta do dedo médio toque a parede vaginal posterior.
 2.    Com a ponta do polegar da mesma mão, marca-se o ponto em que o dedo indicador toca a sínfise pubiana, retirando-se então os dedos.
 3.    Colocando a borda do diafragma na ponta do dedo médio e a borda oposta à frente do polegar, determina-se o diâmetro correto.
Outro método de medida consiste em inserir anéis de medição de diversos tamanhos na posição a ser ocupada pelo diafragma até se determinar o tamanho correto.

Pode-se determinar o tamanho correto mediante as seguintes verificações:
 1.    A borda do diafragma toca as paredes laterais da vagina;
 2.    O colo do útero está coberto;
 3.    O diafragma assenta confortavelmente entre o fórnice vaginal posterior e a sínfise púbica.

O diafragma muito pequeno pode deslocar-se e o muito grande pode arquear-se, produzindo desconforto para a mulher.
A colocação apropriada do diafragma depende de dois fatores: característica anatómica e tônus muscular vaginal, sendo que este último é afetado por numerosos fatores, entre os
quais a paridade, a estabilidade de peso, a cirurgia pélvica, o aborto e até o estado psicológico da mulher durante a inserção. Entre os fatores que alteram o tônus vaginal e podem alterar o número ou afetar a colocação do diafragma incluem-se:
 1.    Aumento ou perda de pelo menos 8 a 10 quilos de peso.
 2.    Cirurgia pélvica.
 3.    Abortamento de segundo trimestre (o reajuste é feito depois de quatro semanas).
 4.    Tensão durante a colocação inicial causa retesamento dos músculos vaginais, resultando na inserção de diafragma menor do que o ideal.

Ensina-se a mulher a proceder à inserção de forma correta, pedindo-se que coloque o espermicida na abóbada e na borda do diafragma e que se auto-examine para observar se o colo do útero está completamente recoberto pelo diafragma.

Inserção e Remoção:

O diafragma terá sua eficácia aumentada quando estiver adequadamente inserido e associado com creme ou geléia espermicida, não devendo nunca ser usado sem espermicida, porque mesmo quando perfeitamente colocado o dispositivo não exerce pressão suficiente nas paredes vaginais para evitar a passagem de espermatozóides, sem causar ao mesmo tempo desconforto para a usuária. Colocam-se na abóbada do diafragma 5ml de creme ou geléia espermicida e espalha-se um pouco do mesmo na borda desse dispositivo.
Para a inserção do diafragma, deve-se adotar uma das seguintes posições: sentar-se na borda de uma cadeira, deitar-se em decúbito dorsal horizontal, com os joelhos fletidos sobre as pernas, ficar de cócoras ou apoiar uma perna no assento de uma cadeira. Segura-se o diafragma com o espermicida em seu interior e juntam-se as bordas opostas, com o uso dos dedos indicador e médio e do polegar, enquanto a outra mão afasta os pequenos lábios da vagina. Procede-se à inserção do diafragma o mais profundamente possível ao longo da parede posterior. A borda anterior é pressionada para trás do púbis.
A inserção do diafragma pode realizar-se através de dispositivo de madeira ou de plástico.
Após inserção do diafragma deve-se fazer a palpação do mesmo, para observar se recobre o colo do útero.
Para a remoção deve-se introduzir o dedo indicador na vagina e tracionar para baixo a borda do diafragma que está na região retropúbica. Deve-se ter cuidado para que a unha não perfure o dispositivo.
Deve-se inserir o diafragma pelo menos meia hora antes do início da atividade sexual, para que ocorra acomodação do mesmo. Se esse dispositivo for colocado com mais de duas horas de antecipação, aconselha-se a aplicação adicional de espermicida para adequada proteção. Recomenda-se não remover o diafragma até 6 a 8 horas após o ato sexual, a fim de assegurar a ação do espermicida e a inexistência de qualquer espermatozóide vivo na vagina.
Orienta-se a nova aplicação de espermicida quando houver mais de um ato sexual com o diafragma inserido. Contra-indica-se a ducha vaginal, enquanto o dispositivo estiver colocado e o espermicida estiver em ação, pois a remoção do espermicida aumentaria o índice de falha. Pode-se conservar o diafragma intravaginal até 24 horas após o ato sexual, porém poderá ocorrer infecção, se ficar por maior tempo.

Manutenção do Diafragma:

A durabilidade do diafragma é de dois a três anos, porém recomenda-se a obtenção de novo dispositivo sempre que houver suspeita de perfuração do mesmo ou se a borracha estiver deteriorada ou enrugada.
Antes da inserção é conveniente procurar perfuração ou rompimento no diafragma, especialmente nas proximidades da borda. Pode-se realizar essa pesquisa examinando-o contra a luz ou colocando-se água na abóbada.
Após a remoção, deve-se lavar o diafragma com sabão neutro e água morna, secá-lo e polvilhá-lo com amido de milho. Isto protegerá a borracha contra a deterioração. Caso não haja amido de milho, pode-se usar talco não perfumado para não causar a erosão do látex. Pode ocorrer a decomposição do látex quando o diafragma for lavado com água muito quente ou for exposto ao calor e óleos metais.

Contra-Indicação:

Podem-se mencionar as seguintes contra-indicações:
 1.    Mulheres que nunca tiveram relações sexuais.
 2.    Cisto ou retocele.
 3.    Ante ou retroversão pronunciada.
 4.    Septo vaginal.
 5.    Fístula vaginal.
 6.    Mulheres com dificuldade para manipular seu genital.
 7.    Alergia ao látex ou ao espermicida.
 8.    Infecção vaginal ou uterina.
 9.    Infecção urinária crónica ou de repetição.

O diafragma não provoca efeito colateral grave, mas em algumas circunstâncias pode ocorrer reação alérgica, irritação e infecção da vagina. Nos raros casos de reação alérgica ao látex, a mulher poderá optar por diafragma de plástico ou de silicone. Caso haja irritação vaginal pelo espermicida, deve-se trocar de marca.
Predispõe-se a infecção quando o diafragma permanece na vagina por mais de 24 horas, pois há a possibilidade de multiplicação de microorganismos aprisionados pelo dispositivo, porém ocorrerá proteção contra infecção se o diafragma for adequadamente usado e mantido no lugar somente pelo tempo recomendado. Deve-se mencionar que o espermicida diminui a incidência de vaginite e cervicite.

Eficácia:

O índice de falha é de duas ou três falhas por 100 mulheres/ano de uso, quando ocorre uso correto desse dispositivo. Além da motivação deficiente que resulta na negligência do uso do diafragma em cada ato sexual, as falhas associam-se aos seguintes fatores:
 1.    Desconhecimento da inserção adequada.
 2.    Colocação imprópria (tamanho inadequado do diafragma).
 3.    Deslocamento durante o coito.
 4.    Defeito do diafragma.

Atualmente pesquisam-se diafragmas que possam ser descartáveis.

CAPUZ CERVICAL:

Ao contrário do diafragma, que bloqueia toda a parte superior do canal vaginal, o capuz cervical é um pequeno dispositivo cónico em forma de dedal, que bloqueia apenas o colo uterino, sendo mais fundo, de menor diâmetro e mais rígido do que o diafragma e que mantém-se no lugar por sucção e não por tensão da mola. Recobre apenas o colo do útero, portanto dispensa a readaptação em caso de alteração do tono muscular vaginal e dificilmente se desloca durante o ato sexual.
O primeiro capuz cervical foi fabricado em 1838 por um ginecologista alemão, que a partir de moldes em cera de colo uterino fez capuzes de borracha. Atualmente é pouco encontrado, sendo pouco difundido, produzido apenas na Inglaterra e não está disponível no Brasil.
A maioria dos capuzes cervicais é de plástico flexível, como o polietileno, embora alguns sejam confeccionados de metal ou borracha.
O mecanismo de ação do capuz é proporcionar efetivo bloqueio mecânico contra os espermatozóides; porém com a finalidade de aumentar a eficácia, deve-se aplicar espermicida antes
de cada coito, se esse dispositivo for mantido em posição por mais de 24 horas.
O capuz pode permanecer inserido durante todo o período intermenstrual, sendo necessário removê-lo somente quando houver a menstruação.
Há seis tamanhos de capuzes, podendo ser usados por mulheres com anormalidades anatómicas ou funcionais do canal vaginal, como cistocele, retocele e prolapso. A maior desvantagem do capuz cervical em relação ao diafragma é a de que a auto-inserção e a remoção às vezes são mais difíceis, pois o capuz deve cobrir o colo uterino que está situado no fundo do canal vaginal.

Inserção: Da mesma forma que o diafragma, o capuz cervical deve ser colocado pela primeira vez por pessoal treinado. Seu diâmetro deve corresponder ao da base do colo do útero e circundar por igual essa área, sem tocar o óstio cervical.
Após a inserção de um especulo vaginal para expor o colo do útero, o médico calcula o tamanho do capuz, embora possa haver seis diferentes tamanhos para escolher. Para a maioria das mulheres pode-se colocar adequadamente um dos seguintes tamanhos: grande (36mm), médio (30mm) ou pequeno (24mm).
A usuária deve aprender as técnicas de adequada inserção e remoção, para que a eficácia do capuz cervical seja máxima.
Antes da colocação, deve-se encher um terço do capuz com creme ou geléia espermicida. Nas mesmas posições já referidas na inserção do diafragma, a mulher prende o capuz entre o polegar e o indicador, com a abóbada para baixo; se o capuz for de borracha macia ou plástico flexível ela comprime as bordas, separando os lábios vaginais. Com os dedos da outra mão empurra o capuz até onde der ao longo da parede posterior do canal da vagina. Com o indicador pressiona a borda em torno do colo do útero até que a abóbada recubra o orifício cervical externo e a cérvix possa ser apalpada através do dispositivo.
O capuz deverá permanecer colocado durante pelo menos 6 a 8 horas após o coito, para que não haja qualquer espermatozóide vivo no canal vaginal depois de removido o dispositivo. Como no diafragma, a usuária não deve aplicar ducha vaginal, enquanto o dispositivo estiver no lugar, a fim de evitar a diluição ou remoção do espermicida.
Remove-se o capuz, afastando-se a borda do mesmo do colo do útero, o que faz cessar a sucção. Pode-se, a seguir, introduzir o dedo médio ou o indicador abaixo da borda e retirar o capuz. Pode-se, como alternativa, segurar a abóbada do dispositivo com os dedos indicador e médio e puxá-lo para baixo. Deve-se lembrar, que certos capuzes são dotados de fio para facilitar a remoção.

Contra-indicação: O uso do capuz cervical é contra-indicado nas seguintes condições:
.    —Erosão ou laceração cervical.
.    —Cistos ou tumores no colo.
.    —Colo uterino muito pequeno ou muito longo, pois nesses casos o efeito de sucção não se exerce.
.    —Anexites, cervicites, infecções vaginais tratadas.

Efeitos colaterais: A manutenção do capuz por tempo prolongado pode levar ao crescimento de bactérias e choque tóxico. Ao ser retirado pode causar lesão cervical.

Eficácia: O índice de falha oscila entre 8,4 e 19,1% de gravidez por 100 mulheres no primeiro ano de uso. Estudou-se um capuz cervical com válvula unidirecional (Contracap), que permitia o escoamento das secreções cervicais e do sangue menstrual, podendo ser usado continuamente, porém o mesmo mostrou alto índice de falha, por esse motivo, foi abandonado.
Outras variantes do capuz cervical são a abóbada e a vímula, que combinam as características do diafragma e do capuz, pois recobrem uma área atrás do colo do útero e prendem-se à vagina por sucção.

ESPONJA ANTICONCEPCIONAL:

É comercializada nos EUA com o nome de Today, em modelo único, de forma circular, com diâmetro de 5,5cm e espessura de 2,5cm, sendo constituída de poliuretano, contendo um grama de espermicida nonoxinol-9. Apresenta concavidade em um dos lados, que se adapta ao colo uterino.
Realiza-se sua ação anticonceptiva pela liberação vaginal do espermicida, por absorção do sémen e pela barreira mecânica ao colo do útero. As vantagens da esponja vaginal consistem no seu uso fácil, inserção até 24 horas antes do coito e não requerer a intervenção do médico para sua prescrição, nem para sua aplicação.
Necessita-se umedecê-la antes de sua colocação, para ativar o espermicida. Deve permanecer em sua posição pelo menos por seis horas após a relação sexual, depois pode ser removida por motivo de higiene. Não é aconselhável usá-la por período maior de 48 horas, desde sua inserção.
O maior inconveniente é a sensação da presença da esponja durante o coito por um ou ambos os parceiros. É importante recordar a possibilidade do choque tóxico, se ficar por tempo prolongado na vagina. O índice de gravidez varia de 9 a 27 por 100 mulheres por ano.

CONDOM FEMININO:

Consiste em dispositivo de borracha, que se adapta externamente à vulva e internamente ao colo do útero, não sendo necessário retirá-lo imediatamente após ocorrer a ejaculação e não há o perigo de vazamento do ejaculado.
Este dispositivo poderá ser promissor pois, da mesma forma que o preservativo masculino, tem a vantagem da prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis (DST).

ESPERMICIDA:

Espermicidas são agentes químicos que imobilizam e destroem os espermatozóides, sendo compostos do agente ativo e de seu veículo.
O primeiro espermicida comercializado surgiu em 1885 em Londres, sob a forma de pessário feito de manteiga de cacau e
quinino. A maior tecnologia ocorreu na década de 50 com o desenvolvimento de agentes tensoativos, sendo estes os principais ingredientes dos produtos espermicidas atuais.
Seu mecanismo de ação é lesar a membrana celular do espermatozóide, causando perda irreversível da sua motilidade.
São encontrados sob a forma de creme, geléia, pasta, óvulo e supositório vaginal, tablete, espuma e película solúvel. O veículo que contém o princípio ativo é de grande importância para a eficácia do método, pois regula a capacidade de liberação do princípio ativo, facilita a difusão pela vagina e colo do útero e controla o tempo necessário para que se forme a barreira.
Os principais agentes espermicidas são os tensoativos nonoxinol-9, octocinol-9 e o menfegol. Devem ser aplicados profundamente na vagina, na quantidade de 60 a 100mg.
Antes de ter relações sexuais é necessário esperar que se dissolva e se o coito não ocorrer até uma hora após sua inserção vaginal será necessária nova aplicação do espermicida. As duchas vaginais devem ser evitadas antes das seis horas depois do ato sexual. Pode ser usado como método único ou associado ao diafragma. Suas principais indicações são em casos de anti-concepção temporária, pós-parto, pós-aborto, mudança de método, mulheres que não podem usar anticoncepcionais orais ou mesmo o DIU.
Como vantagens os espermicidas são simples de usar, requerem pequena manipulação da genitália e alguns produtos podem proteger das DST, eliminando as bactérias e vírus causadores dessas doenças, como é o caso do nonoxinol-9, que destrói in vitro o vírus da AIDS.
Como efeitos colaterais podem provocar alergia com o aparecimento de irritação, edema, prurido vulvar ou peniano, o que pode ser resolvido com a troca do espermicida. Os que contêm acetato de fenilmercúrio não devem ser usados, visto que o mercúrio pode ser absorvido, e causar toxicidade.
Apesar de não haver referência de que eles aumentem a incidência de malformação congénita, existe a possibilidade teórica de que os espermicidas causem esse tipo de problema através de um dano do óvulo, em caso de alterações parciais do espermatozóide ou por uma ação tóxica sobre o embrião, caso o espermicida seja utilizado após a fecundação. Sua associação com algumas malformações congénitas, particularmente hipospadia, diminuição do tamanho dos membros e síndrome de Down, não pode ser excluída, apesar de que a incidência não seja diferente da obtida na população geral.
Sua eficácia depende da motivação e da regularidade de uso, com variação de taxa de menos de 1% até 30 gestações por 100 mulheres por ano. Bounds (1989) estima que usuárias que utilizam o espermicida corretamente em todos os coitos têm índice de falha de 5%, enquanto nas que não usam esse método regularmente ou o utilizam incorretamente a falha é de 15 por 100 mulheres por ano. Outros autores estimam que pode ter um índice de gravidez de 15 por 100 mulheres por ano e este índice está relacionado ao efeito intrínseco do método, e a erros cometidos pela própria usuária.

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